1Q84, vol. 1
Haruki Murakami
Foi sem saber muito sobre 1Q84
que comecei a lê-lo e acho essa a maneira certa. A própria sinopse do livro não
entrega muito. Ao contrário da maioria dos livros, as orelhas do livro começam
com a biografia do autor, para nos últimos parágrafos dizer um pouco sobre o
livro.
Aomame está em um taxi, presa em
um engarrafamento e com pressa de chegar em um importante compromisso de
trabalho. O motorista do taxi sugere, então, que ela use uma escada de
emergência para descer o viaduto e chegar na estação de trem mais próxima.
Tengo é um professor de
matemática que tem aspirações literárias e está a espera de que algo aconteça.
Acaba se envolvendo nos planos de um editor para reescrever Crisálida de ar, um livro de uma
misteriosa menina do colegial que precisa de alguém para melhorar sua forma.
E é isso aí.
Foi um ótima sensação começar a
lê-lo sem nenhum tipo de informação mais concreta, além de um “LEIA, É MUITO
BOM” de uma pessoa de confiança. Apesar disso, comecei o livro sem muitas
pretenções, devagarinho. Capítulo após capítulo. Até que quando reparei, estava
preparada para virar a noite até finalmente entender para onde Murakami estava
me levando.
Depois de um certa quantidade de
livros de um certo tipo, você meio que sabe para onde o autor está levando a
história, consegue fazer suposições e até prever o caminho do livro. São raras
as vezes em que eu simplesmente não faço a menor ideia do que está acontecendo
e nem do que pode acontecer. Me senti assim desde a primeira página de 1Q84. E foi tão legal!
1Q84 é um livro de aproximadamente 1000 páginas. Aqui no Brasil,
ele está sendo lançado em três volumes. Já foram lançados os dois primeiros e o
terceiro está previsto para o final de 2013. O que é bem ruim. Aqui não se
trata de uma série de livros, mas sim de um mesmo livro. O tempo de espera
entre o lançamento dos volumes pode ser prejudicial para o entendimento da
história, devido a essa característica do Murakami de construir a história
lentamente. Eu recomendo para quem quiser ler, esperar até que os três livros
sejam lançados.
Falando um pouco menos sobre a
história e mais sobre a estrutura do livro, tive um leve estranhamento com a
maneira que o livro foi escrito, as frases foram construídas e atenção aos
detalhes e à descrição que o autor teve. Esse é o primeiro livro de um escritor
oriental que li e, sinceramente, não sei as frases mais curtas, menos elaboradas
é uma característica do autor ou da língua japonesa como um todo. Ao longo do
livro algumas explicações sobre determinados assuntos “históricos” eram feitas
e, toda vez que um novo personagem era introduzido ao plot envolvendo tais
assuntos, essas explicações eram repetidas. Essas repetições não chegaram a me
incomodar muito, porque cada vez eram
introduzidas pequenas novas informações, mas definitivamente eram notadas.
A trama central só é exposta e o
leitor só começa a ter uma noção de onde está pisando por volta da página 100;
a relação entre os dois pontos de vista, por volta da página 200. Até mesmo a
relação com 1984, de Georgel Orwell demora a ser estabelecida. Essa calma,
longe de ser inquietante, é envolvente, hipnotizante. Murakami parecia querer
criar um clima de irrealidade ao redor da história.
É um livro daqueles livros que se
deve prestar atenção. Mesmo. Algumas
dicas são deixadas ao longo de toda a leitura e, se você prestar atenção, vai
perceber determinadas coincidências. Essas tais coincidências são mais
exploradas ao longo da história e vão se tornando cada vez mais contundentes.
É algo bem gradual. E, de
repente, você se dá conta que está no meio de uma história de amor, de espera.
E de crueldade e magia.
1Q84 foi uma adorável surpresa.
Outros livros do autor:
- 1Q84, volume 2;
- Kafka à Beira-Mar;
- Após o Anoitcer;
- Do que eu falo quando eu falo de corrida;
- Minha querida Sputnik;
- Norwegian Wood.
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