Detalhes
do Livro:
Nome
original: Mockingjay.
Tradução: A
Esperança.
Autor: Suzanne
Collins
Lançamento:
Original:
2010.
Em
português: 2011.
Páginas:
Versão original: 390.
Versão em português: 435.
Acima,
capa original. A versão lida foi em português que possui a mesma arte na capa,
apenas com o título traduzido
[ESTA RESENHA POSSUI SPOILERS TENSÍSSIMOS DA SÉRIE. PROSSIGA
COM CUIDADO]
A Esperança, concorrendo ao prêmio de
tradução mais escrota pro português, é o terceiro livro da série Jogos Vorazes por Suzanne Collins, que
traz um tipo diferente de trama para finalizar a saga.
Começando,
novamente, imediatamente de onde parou o seu antecessor, voltamos a acompanhar
o ponto de vista Katniss, lidando com seus ferimentos e todas as revelações que
foram cuspidas nas últimas páginas do livro anterior.
Provavelmente
há um aviso em negrito enorme ali em cima, mas vale salientar, devido a
natureza da trama desse livro, fica impossível discutir personagens, setting e
toda a história em si sem conhecimento prévio dos outros dois livros, não
continue a leitura caso não os tenha lido (ou não se importe.). E vocês sabem
como eu sou, geralmente conto o final só para ter o prazer de criticar o final.
(Ou escrever uma carta de amor pro final, como devem ter visto nas resenhas de Discworld.)
Já comentei no
primeiro parágrafo e repito, A Esperança é um livro completamente diferente dos
outros da série. Claro, não estava esperando um 76º Jogo e outro rearranjo do
plot dos dois primeiros livros, que são bem parecidos. Na verdade, não estava
esperando nada, porém ainda assim foi uma surpresa.
Katniss é
levada ao Distrito 13, que existe. Realmente no passado houve uma rebelião, mas
tal Distrito nunca foi destruído, houve um acordo com a Capital, pois qualquer
embate poderia significar o extermínio da maioria da população. Então, pelo
acordo, a Capital divulga que massacrou o Distrito 13 enquanto eles podem viver
em paz. Obviamente,
o Distrito 13 apresentou esse tempo para se preparar para outra rebelião.
A primeira
surpresa agradável, digamos assim, é que há uma tentativa de mostrar um
conflito realista ou pelo menos diferente do ‘bang bang bang’ e ‘VAMOS INVADIR
TUTTO’ que esse tipo de livro geralmente apresenta. Há um grande enfoque na
propaganda, na tentativa de conseguir aliados na forma dos outros Distritos
contra a Capital, embora eu ache que o livro gaste um tempo demasiado em
mostrar que a Katniss não é boa atriz e, portanto, não consegue fazer seus discursos
na propaganda soarem convincentes e passionais e isso a deixa tão angustiada e,
oh não. Claro, há motivos reais para ela estar em frangalhos psicologicamente,
como as muitas mortes e destruição que, indiretamente, ela foi a catalisadora.
O que faz toda a angústia das propagandas parecer boba.
Outra surpresa
agradável é que o Distrito 13 não nos é apresentado como um exemplo de moral e
conduta. Ele funciona como uma ditadura, sim, mais benevolente, mas ainda
assim. Devido aos percalços de morar embaixo da terra, toda manhã lhe é gravado
na pele como o seu dia inteiro está programado e a Presidente Coin, o nome já é
uma dica, não tem lá as melhores intenções e é gananciosa.
Pelo lado da
caracterização, também há avanço, tudo que Katniss já passou pela série
definitivamente resultou num baque na mente dela e, olha só, até há interações
entre ela e Prim! Que, se vocês se lembram, foi o motivo dela ter entrado nos
Jogos Vorazes pela primeira vez e que causou tudo isso. O diálogo entre as duas
ainda é pouco, mas torna mais palpável e contextual o fato de Katniss ter se
oferecido para sofrer nos Jogos no lugar da irmã.
Os
participantes do 75º Jogo também são trabalhados e, na minha opinião, são os
personagens mais bem trabalhados nesse livro, ganham melhor development, tem
cenas dedicadas a si e, em geral, são bem legais.
Correndo o
risco de dar mais spoils ainda, devo avisar que certos personagens morrem. E
também é outra agradável surpresa. Não que eu sinta prazer em ver personagens
morrendo, embora Suzanne Collins definitivamente pareça, mas nos livros
anteriores era fácil saber quem iria morrer: quem não tem nome ou só tem uma
única função. Cato era malvado, Rue era pura... Essas coisas. Ver personagens
recorrentes da série, já bem estabelecidos, morrerem pros horrores da guerra é
refrescante. Claro, é o que se espera de um último livro de séries do tipo.
Infelizmente,
o livro ainda cai em algumas coisas que já mencionei antes. A angústia do
momento é o fato de Peeta estar capturado e, aparentemente, ter se convertido
ao lado da Capital. Ele está claramente sofrendo e sendo coagido, ou algo do
tipo, a apoiar a Capital. E, enquanto isso é terrível e a vida dele está
completamente miserável, o grande problema de Katniss por isso são os
sentimentos em relação a ele e Galé. Sim, comparados ao livro anterior,
gasta-se bem menos tempo nisso, porém é a mesma ladainha de sempre com um
contexto diferente.
No final da
rebelião, temos o usual ‘bang bang bang’, mas acredito que a conclusão lógica
de um golpe de estado é invadir a sede de tal estado, então não há problema
nenhum para mim, vide que boa parte do livro é a preparação a tal ataque.
Não há mais
nada realmente digno de nota, rasguei elogios ao livro e só comentei de um
problema que encontrei. Ainda há outros, sim, porém, assim como o já
mencionado, são problemas recorrentes da série que já me alonguei nas outras
resenhas.
Portanto,
A Esperança
é um enorme progresso e um final melhor que o esperado para a série Jogos Vorazes, porém sofre por ser a
sequência de um livro mediano e um definitivamente ruim.