Nome original: Catching Fire.
Tradução: Em Chamas.
Autor: Suzanne Collins
Lançamento: Original: 2009.
Em português: 2011.
Páginas: Versão original: 391
Versão em português: 416
Acima, capa original. A versão lida foi em português que possui a mesma arte na capa, apenas com o título traduzido
[ESTA RESENHA POSSUI SPOILERS SERÍSSIMOS DO PRIMEIRO LIVRO, OU SERIA IMPOSSÍVEL DISCUTI-LO. PROSSIGA COM CUIDADO]
Em Chamas, segundo livro da série Jogos
Vorazes, por Suzanne Collins continua a história pelo ponto de vista Katniss exatamente
onde parou o primeiro livro, após vencer o 74º Jogo.
Em Chamas
se foca, de início, assim como seu antecessor, a mostrar todo o absurdo e
futilidade que cerca os participantes dos jogos, nesse caso, os vencedores.
Katniss e Peeta são obrigados a assistir um vídeo de horas e horas mostrando os
melhores momentos dos Jogos, são entrevistados diversas vezes, tudo enquanto
fingem estar em um relacionamento funcional. Novamente, esse relacionamento foi
forjado para conseguirem apoio durante os Jogos, porém, Peeta realmente está
apaixonado por Katniss, enquanto ela... Não.
Logo após toda
a experiência traumática que passaram, os personagens são jogados nessa situação
onde devem relembrar tudo e falar sobre e fingir estar felizes. Após toda a
tietagem que recebem na Capital, ambos devem sair de Distrito em Distrito em
uma espécie de “marcha de vitória”, encontrar e dialogar com os pais dos
participantes dos jogos o que acaba sendo terrível no caso dos participantes
que eles mataram. E podemos acompanhar o lado psicológico de Katniss se
deteriorando.
Em um
determinado Distrito, a população faz um gesto de reverência a Katniss e Peeta,
os primeiros a deliberadamente desafiar os criadores dos Jogos, forçando-os a
admitir dois vitoriosos. Tudo isso é ainda mais alimentado pelo broche de
Tordo, já símbolo de um erro da Capital. Em retaliação, a Capital ataca a
multidão que fez esse gesto e os personagens principais chegam a presenciar um
homem sendo morto por soldados.
Até os frutos
da vitória mais utilitários vêm com um gosto amargo para ambos. Como prêmio, os
participantes de todo mundo ganham casas em um condomínio específico para
vencedores dos Jogos em seus distritos. O problema é que, por serem o segundo e
terceiro vencedores dos jogos, morarão lá sozinhos, apenas como Haymitch de
companhia, esse mais distante e afundado no seu vício.
E essa é a
primeira metade do livro.
Tudo é feito
corrido, só se gasta mais tempo na situação descrita acima, indicando sinais do
começo de uma revolta civil. Não é dada ao leitor a oportunidade de conhecer
mais de perto os outros Distritos, seja seu funcionamento ou aparência, que
seja. Por isso, o mundo criado pela autora continua superficial e pequeno. Até
momentos que permitiriam trabalhar o personagem de Katniss e Peeta como, por
exemplo, interagir com os pais de Rue, ou Cato, personagens importantes no último
livro são corridos e só se perde com algumas linhas com eles. É principalmente
explícito no caso de Rue, que motivou tanto do crescimento de Katniss em Jogos
Vorazes.
Além disso,
também é introduzido nesse livro, apenas algumas dicas no anterior, um triângulo
amoroso entre Peeta-Katniss-Gale, Gale sendo o melhor amigo de Katniss e
parceiro de caças existente desde o primeiro livro, claramente apaixonado por
ela também, mas não importante a ponto de aparecer mais que algumas páginas no
começo do livro anterior. Perde-se tempo demais no triângulo e em todo drama de
Katniss fingir estar em um relacionamento com um deles, mas tendo sentimentos
difusos em relação a ambos.
No meio desse
tédio, sem ainda um resquício de trama a não ser a tortura contínua dos pobres
personagens a não ser uma tênue indicação de uma possível, talvez, revolta em
alguns distritos motivados pelo final do 74º jogo, anunciam-se as regras do 75º
Jogo, edição especial, sendo um Massacre Quaternário!
Posso estar
enganado, mas tenho quase certeza de que o conceito de Massacre Quaternário não
foi nem aludido em algum ponto anterior a esse no próprio livro, então me
permitam explicar: Trata-se de uma edição comemorativa dos jogos, acontecendo
de 25 em 25 anos, em que são colocadas regras especiais em cada caso para
apimentar um pouco mais. Nesse caso, no 75º Jogo, os participantes de cada
distrito, serão uma dupla de vencedores de jogos anteriores.
...
Enquanto por
um lado, faz sentido e é aludido que é um plano específico do Presidente Snow
para tentar se livrar da imagem de Katniss e Peeta, também é extremamente
conveniente para a autora reprisar o plot anterior. Então somos forçados a
assistir tudo novamente: A preparação, o desfile com vestidos especiais, as
entrevistas, aqueles momentos de treinamento e a apresentação dos participantes
para nós leitores.
Embora, devo
admitir, que logo de começo nos é dado mais nomes de participantes dos Jogos do
que na totalidade do livro anterior além de dar um maior aprofundamento em suas
personalidades. Ou seja, a caracterização melhorou, embora isso já indique o
que vá acontecer...
Os Jogos em si
também são mais interessantes que o anterior, apesar da mesmice, a arena é mais
interessante e logo outros personagens aparecem para deliberadamente ajudar
Katniss, tornando uma experiência diferente do Jogo anterior, onde ela ficou
sozinha ou apenas com Peeta ou apenas com Rue. Porém toda essa ajuda e espírito
fraterno dentro de uma arena de combate obviamente aponta para uma trama maior
e somado com comentários misteriosos de um criador do jogo para Katniss sobre
Tordos, provavelmente envolvidos com a tal revolta. O que resulta num enorme
cliffhanger.
Sim, o Jogo
acaba e de uma maneira novamente bem mais interessante que o anterior, e o
livro vomita um monte de plot twists e explicações no último capítulo por meio
de uma conversa, pura exposition, em algo que quase tenho vontade de chamar
Efeito J.K Rowling. O problema em si não é o cliffhanger, céus, essa é uma das
ferramentas usadas em qualquer mídia para você continuar acompanhando-a, mas
sim como é. Alguns desses plot twists foram bem aludidos durante o livro e são
bastante razoáveis enquanto outros parecem ter sido criados na hora para gerar tensão,
torcendo que não pensemos muito no assunto. Se eu não tivesse lido os três
lidos em seqüência, teria ficado bastante decepcionado com certas partes do
final.
Por fim, Em Chamas tinha o potencial de ser uma seqüência
melhor que Jogos Vorazes, porém
poucas de suas boas ideias foram bem executadas e somos expostos a um milhão de
revelações nas últimas páginas na tentativa do livro de fingir ter um plot bem
amarrado.
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