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domingo, 6 de janeiro de 2013

Em Chamas - Suzanne Collins



Detalhes do Livro:
Nome original: Catching Fire.
Tradução: Em Chamas.
AutorSuzanne Collins
Lançamento: Original: 2009.                       
                      Em português: 2011. 
Páginas: Versão original: 391               
               Versão em português: 416
Acima, capa original. A versão lida foi em português que possui a mesma arte na capa, apenas com o título traduzido

[ESTA RESENHA POSSUI SPOILERS SERÍSSIMOS DO PRIMEIRO LIVRO, OU SERIA IMPOSSÍVEL DISCUTI-LO. PROSSIGA COM CUIDADO]

Em Chamas, segundo livro da série Jogos Vorazes, por Suzanne Collins continua a história pelo ponto de vista Katniss exatamente onde parou o primeiro livro, após vencer o 74º Jogo.
Em Chamas se foca, de início, assim como seu antecessor, a mostrar todo o absurdo e futilidade que cerca os participantes dos jogos, nesse caso, os vencedores. Katniss e Peeta são obrigados a assistir um vídeo de horas e horas mostrando os melhores momentos dos Jogos, são entrevistados diversas vezes, tudo enquanto fingem estar em um relacionamento funcional. Novamente, esse relacionamento foi forjado para conseguirem apoio durante os Jogos, porém, Peeta realmente está apaixonado por Katniss, enquanto ela... Não.
Logo após toda a experiência traumática que passaram, os personagens são jogados nessa situação onde devem relembrar tudo e falar sobre e fingir estar felizes. Após toda a tietagem que recebem na Capital, ambos devem sair de Distrito em Distrito em uma espécie de “marcha de vitória”, encontrar e dialogar com os pais dos participantes dos jogos o que acaba sendo terrível no caso dos participantes que eles mataram. E podemos acompanhar o lado psicológico de Katniss se deteriorando.
Em um determinado Distrito, a população faz um gesto de reverência a Katniss e Peeta, os primeiros a deliberadamente desafiar os criadores dos Jogos, forçando-os a admitir dois vitoriosos. Tudo isso é ainda mais alimentado pelo broche de Tordo, já símbolo de um erro da Capital. Em retaliação, a Capital ataca a multidão que fez esse gesto e os personagens principais chegam a presenciar um homem sendo morto por soldados.
Até os frutos da vitória mais utilitários vêm com um gosto amargo para ambos. Como prêmio, os participantes de todo mundo ganham casas em um condomínio específico para vencedores dos Jogos em seus distritos. O problema é que, por serem o segundo e terceiro vencedores dos jogos, morarão lá sozinhos, apenas como Haymitch de companhia, esse mais distante e afundado no seu vício.
E essa é a primeira metade do livro.
Tudo é feito corrido, só se gasta mais tempo na situação descrita acima, indicando sinais do começo de uma revolta civil. Não é dada ao leitor a oportunidade de conhecer mais de perto os outros Distritos, seja seu funcionamento ou aparência, que seja. Por isso, o mundo criado pela autora continua superficial e pequeno. Até momentos que permitiriam trabalhar o personagem de Katniss e Peeta como, por exemplo, interagir com os pais de Rue, ou Cato, personagens importantes no último livro são corridos e só se perde com algumas linhas com eles. É principalmente explícito no caso de Rue, que motivou tanto do crescimento de Katniss em Jogos Vorazes.
Além disso, também é introduzido nesse livro, apenas algumas dicas no anterior, um triângulo amoroso entre Peeta-Katniss-Gale, Gale sendo o melhor amigo de Katniss e parceiro de caças existente desde o primeiro livro, claramente apaixonado por ela também, mas não importante a ponto de aparecer mais que algumas páginas no começo do livro anterior. Perde-se tempo demais no triângulo e em todo drama de Katniss fingir estar em um relacionamento com um deles, mas tendo sentimentos difusos em relação a ambos.
No meio desse tédio, sem ainda um resquício de trama a não ser a tortura contínua dos pobres personagens a não ser uma tênue indicação de uma possível, talvez, revolta em alguns distritos motivados pelo final do 74º jogo, anunciam-se as regras do 75º Jogo, edição especial, sendo um Massacre Quaternário!
Posso estar enganado, mas tenho quase certeza de que o conceito de Massacre Quaternário não foi nem aludido em algum ponto anterior a esse no próprio livro, então me permitam explicar: Trata-se de uma edição comemorativa dos jogos, acontecendo de 25 em 25 anos, em que são colocadas regras especiais em cada caso para apimentar um pouco mais. Nesse caso, no 75º Jogo, os participantes de cada distrito, serão uma dupla de vencedores de jogos anteriores.
...
Enquanto por um lado, faz sentido e é aludido que é um plano específico do Presidente Snow para tentar se livrar da imagem de Katniss e Peeta, também é extremamente conveniente para a autora reprisar o plot anterior. Então somos forçados a assistir tudo novamente: A preparação, o desfile com vestidos especiais, as entrevistas, aqueles momentos de treinamento e a apresentação dos participantes para nós leitores.
Embora, devo admitir, que logo de começo nos é dado mais nomes de participantes dos Jogos do que na totalidade do livro anterior além de dar um maior aprofundamento em suas personalidades. Ou seja, a caracterização melhorou, embora isso já indique o que vá acontecer...
Os Jogos em si também são mais interessantes que o anterior, apesar da mesmice, a arena é mais interessante e logo outros personagens aparecem para deliberadamente ajudar Katniss, tornando uma experiência diferente do Jogo anterior, onde ela ficou sozinha ou apenas com Peeta ou apenas com Rue. Porém toda essa ajuda e espírito fraterno dentro de uma arena de combate obviamente aponta para uma trama maior e somado com comentários misteriosos de um criador do jogo para Katniss sobre Tordos, provavelmente envolvidos com a tal revolta. O que resulta num enorme cliffhanger.
Sim, o Jogo acaba e de uma maneira novamente bem mais interessante que o anterior, e o livro vomita um monte de plot twists e explicações no último capítulo por meio de uma conversa, pura exposition, em algo que quase tenho vontade de chamar Efeito J.K Rowling. O problema em si não é o cliffhanger, céus, essa é uma das ferramentas usadas em qualquer mídia para você continuar acompanhando-a, mas sim como é. Alguns desses plot twists foram bem aludidos durante o livro e são bastante razoáveis enquanto outros parecem ter sido criados na hora para gerar tensão, torcendo que não pensemos muito no assunto. Se eu não tivesse lido os três lidos em seqüência, teria ficado bastante decepcionado com certas partes do final.
Por fim, Em Chamas tinha o potencial de ser uma seqüência melhor que Jogos Vorazes, porém poucas de suas boas ideias foram bem executadas e somos expostos a um milhão de revelações nas últimas páginas na tentativa do livro de fingir ter um plot bem amarrado.

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