Páginas

Mostrando postagens com marcador Equal Rites. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Equal Rites. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Equal Rites - Terry Pratchett

                    Detalhes do Livro:
Nome original: Equal Rites.
Tradução: Direitos Iguais, Rituais Iguais
Autor: Terry Pratchett
Lançamento: Original: 1987.
                       Em português:2002.
Páginas: Versão comemorativa de 25 anos (lida): 213.
                Versão em português: 221.

À esquerda, a capa original (traduzida) e à direita, a versão comemorativa de 25 anos da série que foi lida por mim.    




[ATENÇÃO: O LIVRO FOI LIDO EM SEU IDIOMA ORIGINAL, INGLÊS, PORTANTO MUITOS TERMOS UTILIZADOS PODEM NÃO SER EXATOS, CONSEQUENTES DE UMA TRADUÇÃO LIVRE FEITA POR MIM.]

           Equal Rites é o terceiro livro da série Discworld escrita por Terry Pratchett, diferenciando-se por não se focar mais no inepto mago, Rincewind, porém ainda passando-se no mesmo universo, o Disco, o início de uma tradição da série, mudança de personagens principais a cada livro até a eventual formação de 4 ou 5 histórias simultâneas, mas isso fica pra resenhas futuras...
            O plot começa quando Drum Billet, um mago perto do final de sua vida, chega no pequeno vilarejo de Bad Ass (Sério.). Sua vinda deve-se ao fato de que lá nascerá um oitavo filho de um oitavo filho. É sabido que o 8 é um número poderoso e que todos os oitavos filhos têm potenciais mágicos notáveis, duplamente no caso da criança que está por vir. Então Drum Billet resolve deixar seu cajado, símbolo da graduação de um mago e fonte de poder para a criança que está pra nascer. Na pressa para transferir rapidamente o cajado antes que chegue sua hora, o mago ignora os avisos de Granny Weatherwax, bruxa do vilarejo, parteira e uma das personagens principais, de que o bebê trata-se de uma menina, só ouvindo-a quando é tarde demais. Assim, tem-se, pela primeira vez no Disco, uma mulher maga: Eskarina.
Eskarina cresce como uma criança normal, porém começa a apresentar poderes mágicos de tal magnitude que ele ‘vaza’, assim, Granny Weatherwax oferece a Eskarina a oportunidade de ela ser sua aprendiz e tornar-se bruxa, controlando seus poderes, que caso não sejam domados podem chamar a atenção de criaturas perigosas das Dungeon Dimensions, lar de monstros dignos de pesadelos. Mas toda essa iniciativa de Granny não consegue conter o desejo de Eskarina de tornar-se maga e tentar a sorte na Unseen University, contra todo o preconceito.
Antes de qualquer coisa, vale-se notar que este assunto foi abordado sutilmente nos dois livros anteriores, normalmente por meio de anedotas, em que não se permitia que mulheres ingressassem na Unseen Academicals, universidade de magia, pois se temia que elas fossem magas competentes demais, por exemplo. Neste livro, rapidamente é feita a distinção que permeará toda a história. Apenas homens são magos, já que não aceitam mulheres, apenas mulheres são bruxas, pois os homens consideram seu ramo de magia muito inferior.
Eskarina é uma personagem jovem, de personalidade forte e que simplesmente não consegue entender porque não lhe permitem iniciar seus estudos de magia por ser mulher, mesmo ela apresentando talento inimaginável. Em suas viagens até a Unseen University, ela conhece Simon, um menino gago e tímido, com potencial tão grande quanto o dela, talvez maior. Mesmo com poderes comparáveis, Simon está sendo escoltando por um professor da universidade pessoalmente e sendo paparicado como o próximo grande gênio a pisar na universidade, enquanto Eskarina, tão similar, é ignorada simplesmente por ser mulher, formando um paralelo interessante.
Já Granny Weatherwax é outra personagem inédita pela série e, pelo o pouco que sei dos livros futuros, permanecerá durante boa parte da série. É uma velha bruxa, talvez uma das melhores, sem papas na língua e um pouco arrogante e rabugenta. Por meio dela, neste livro, somos apresentados ao mundo das bruxas. Bruxas possuem uma gama de funções, sendo responsáveis por partos, como já ditos, cura de doenças utilizando ervas, preparo de poções, algumas fortemente similares com remédios, e, é claro prática de magia. Mas até sua magia é diferente, enquanto a dos magos é extremamente complicada e ‘glamourosa’, a das bruxas é velada, tendo como suporte a Headology. Em linhas gerais, a Headology é o poder da crença e eu irei me abster de outros comentários, para não estragar todo o humor das várias instâncias de Headology pelo livro.
Esses personagens, já interessantes por si só, tornam-se muito mais pelo contexto de preconceito e, sendo mais específico, sexismo que forma o esqueleto da história. Granny Weatherwax representa o caso oposto do preconceito dos magos pelas bruxas, inferiorizando a magia à favor da bruxaria, talvez como mecanismo de defesa ou talvez por ela simplesmente ser tão boa bruxa assim. Eskarina, por sua vez, é a menina recém envolvida neste contexto e que repete a inconfortável pergunta: POR QUE mulheres não podem estudar magia?
Outro ponto interessante é que os perpretadores deste machismo são ignorantes aos seus motivos. Talvez minha escolha de palavras não tenha sido a melhor, mas o que quero dizer é que de Simon, o aluno genial, até a Cutangle, o Archchancellor da Universidade, a resposta para as perguntas de Eskarina é a mesma, que mulheres não podem estudar magia porque é contra a tradição, nunca aconteceu antes. E isso, pra eles, é motivo suficiente para finalizar a discussão, sem saber o porquê desta tradição existir e, mais importante, porque exatamente ela deve ser mantida.
O que, na minha opinião, faz este livro ser esplêndido é que, enquanto há assuntos sérios sendo abordados, a abordagem é, digamos assim, bem-humorada. O livro definitivamente não faz pouco caso do problema que está tratando e o critica abertamente, mas nunca perde aquela pitada de, digamos assim, bobeira. Mesmo sendo uma metáfora para a dificuldade das mulheres entrarem em certos nichos estereotipicamente masculinos, ainda se trata de uma história de uma menina com poder vazando tentando entrar na universidade de magia, enquanto monstros baseados nas histórias de H.P. Lovecraft são atraídos por seu poder e de Simon, na tentativa de invadir a dimensão do Disco.
Em suma, Equal Rites faz o balanço entre o típico humor de Terry Pratchett e a abordagem de um assunto social sério, tornando sua leitura uma atividade incrivelmente prazerosa.