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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Senhor das Moscas, William Golding


O Senhor das Moscas
Willian Golding


Um grupo de meninos vai parar em uma ilha deserta quando o avião em que estavam é derrubado por uma tempestade. Sem nenhum adulto sobrevivente, esses meninos vão ter que aprender a se virar se quiserem sobreviver.

O plot da história é como qualquer outro plot que trata de naufrágio. Após uma catástrofe, os personagens precisam se acostumar e se organizar para que consiga sobreviver em condições adversas, estabelecer uma rotina, se acostumar com a situação. A primeira etapa, portanto, é estabelecer um líder – o Ralph - e estabelecer regras e prioridades para essa nova situação, sendo que a principal é manter uma fogueira na elevação mais alta da ilha.

Na minha opinião é aí que entra a característica que define toda a história. São crianças.

Crianças, de um modo geral, tiveram muito menos contato com o socialmente adequado em termos de comportamento e moral. Não terminaram de ser moldadas. E, por isso, estão mais próximo do que seria o “verdadeiro” ser humano, mais próximo da essência. Eu sei, papo filosófico demais. Mas essa é a grande questão do livro.

O grupo é composto por crianças que variam dos 6 aos 12 anos. É difícil para Ralph, o líder, manter o foco dessas crianças no que realmente importa, serem resgatados, porque é difícil para ELE PRÓPRIO se lembrar algumas vezes. Gradativamente fica cada vez mais difícil para ele se lembrar do que o torna civilizado.

Para mim, essa perda de civilidade é intensificada por outro personagem, Jack. No início, Jack é apresentado como o líder do coral da escola. Quando Ralph reúne todo o grupo pela primeira vez, Jack já é a figura de líder para alguns sobreviventes e quando não é escolhido líder do grupo todo, fica clara a sua posição de antagonista de Ralph. Apesar disso, os dois mantêm uma relação ligada por traços de amizade por quase todo o livro.

Jack logo demonstra uma compulsão pela caça e, ao contrário de Ralph que constrói abrigos e se preocupa com a fogueira, Jack volta todas as suas energias para a caça de porcos selvagens. Ele possui uma atração pelo sangue, pela morte... um instinto selvagem que o torna assustador. Aos poucos perde sua civilidade até o ponto em que se esconde por trás de uma máscara, uma pintura de guerra e parece que tudo passa a ser permitido.  

Ralph e Jack são opostos. Enquanto Ralph tenta conservar sua razão e sua civilidade, sente saudades de sua vida antes da ilha, Jack se entrega completamente a vida selvagem.

Ambos são líderes de seus respectivos grupos. Ralph, no início, devido ao seu carisma e Jack, no final, devido à segurança que a sua agressividade transmite aos outros quando o medo passa a dominar o grupo. Onde antes Ralph tinha o poder no carisma e na sensatez, Jack passa a ter poder no alimento e na violência.
Porquinho, outro personagem consideravelmente importante é quem mantém a razão ao longo de toda a história. Gordinho, com asma e óculos, ele não tem o carisma necessário para convencer o grupo de suas idéias. Quando Ralph passa a ‘esquecer’, Porquinho é sempre que o lembra do porquê de estarem fazendo algo.

Então...

Eu só consigo pensar que O Senhor das Moscas é um livro angustiante. Eu não diria que é um livro surpreendente, porque tudo o que acontece é muito condizente com o que o autor desenvolve no início. Eu achei que ele foi muito claro e aconteceu exatamente o que eu previa. Não do jeito que eu previa, mas, sim, a idéia principal. Mesmo assim, é um livro que eu não conseguia parar de ler, era como não conseguir desviar o olhar de um acidente prestes a acontecer. É empolgante, envolvente... inquietante.

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