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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

1984, George Orwell



1984
George Orwell


1984 é um livro e tanto. Não sei muito como começar a falar dele, porque é um livro MUITO  BOM. Sem firulas, sem complicação. Um livro que traz idéias sólidas, análises brilhantes. George Orwell mostra que é um visionário.

O mais interessante do livro não é propriamente a história do personagem principal, o que não quer dizer que não seja excelente. Winston Smith é um personagem daqueles enternecedores, que te fazem sentir orgulho e motivadores. O interessante do livro é o mundo que Orwell criou para a sua narrativa, o sistema político, a análise cruel que ele fez tanto de eventos históricos quanto da mente humana. É um livro absolutamente coerente.


Mundo.

Nesse mundo existem três grandes territórios: Oceânia, Lestásia e Eurásia. Essas três nações estão constantemente em guerra uma contra as outras, apenas alternando as combinações de aliança. A história se passa em Oceânia.

Devido a essa eterna guerra a população – dividida entre membros do Partido e os proletas - passa por uma série de racionamentos, vivendo em condições relativamente restritas.


Política.

O Partido é a organização que governa a Oceânia. A grande figura central do Partido é o Grande Irmão (the Big Brother is watching you). Visto como um líder e uma personalidade onipresente. É dessa idéia que surgiu programas de reality show como o Big Brother Brasil.

 Os membros do Partido são divididos em Núcleo do Partido, que são os membros de mais alto escalão e o Partido Exterior, membros responsáveis por tarefas mais mecânicas, que permitem o funcionamento de toda a máquina política.

Existem quatro grandes divisões, que são o Ministério da Verdade – responsável pelas informações divulgadas para população, assim como sua manipulação quando necessário; o Ministério da Paz - responsável pela manutenção da guerra com outras nações; o Ministério da Pujança – responsável pela distribuição das rações diárias à população; e o Ministério do Amor – que era responsável por inibir as relações sexuais e fomentar o ódio às outras nações e aos traidores do Partido através de eventos como Dois Minutos de Ódio e Semana do Ódio.

A população é controlada através de teletelas, equipamentos que registram os movimentos e sons gerados em seu alcance. As informações obtidas através da teletela são analisadas por membros da Polícia das Idéias e qualquer pensamento crime identificado é passível de punição e em certos casos a pessoa é vaporizada. A  vaporização não envolve somente a execução do infrator, todos os seus dados, qualquer menção feita a essa pessoa em meios de comunicação é apagado. É como se nunca tivesse existido.


Personagem.

Eu achei  que a sinopse fornecida pelo livro deu muitas informações sobre o que acontece com o personagem principal e isso criou uma sensação de ‘já sei o que vai acontecer em seguida’. Por isso, não pretendo dar a mesma quantidade de informação aqui. Acho interessante supor o futuro dele ao longo da história, sem se basear na sinopse.

Winston trabalha no Ministério da Verdade e é responsável por alterar informações de jornais para que todas as reportagens feitas no passado sejam condizentes com as declarações atuais do Partido. A partir daí, Winston começa a questionar todo o sistema político de Oceânia, o comportamento da população e a realidade.

Winston não é um personagem perfeito, ele se dispõe a fazer coisas e tem sentimentos bem controversos. Mas Winston é um personagem envolvente, que você começa a torcer a favor e que traz certo orgulho (?).


Opinião.

Durante a leitura, George Orwell nos apresenta a um mundo de críticas duras e corretas à sociedade, à política, à mentalidade humana e isso te faz pensar e te faz ver que elementos daquele cenário distópico, futurista (ele escreveu em 1948, o livro se passar por volta de 1984, então, né? Futurista.) estão no nosso mundo HOJE. As críticas são atuais e estão aqui, por todo lado... É só olhar.

1984 tem tantas mensagens, que eu acredito que cada um tem a sua própria, aquela que de certa forma te chama mais atenção, te deixa mais preocupado. Para mim foi justamente a dos meios de comunicação e a memória curta da população.

Por trabalhar, literalmente, alterando o passado, manipulando informações, Winston tem muitas dúvidas quanto à credibilidade das informações que chegam até ele e consegue perceber o poder que os meios de comunicação em geral tem. O poder de fazer algo não existir. Não digo apagar como na história, mas deixar marcas profundas no inconsciente e criar tendências. E o quão perigoso é tanto poder na mão de poucas pessoas. E eu acho isso assustador. Eu penso logo no poder que a Globo possui, se ela optar por deixar de transmitir algo, para uma grande parte da população é como se não acontecesse. Quantas coisas ela deixou optou por não transmitir desde então? Digo coisas relevantes, claro.

Outro ponto que foi como uma grande pedra esmagando o meu cérebro é o modo como outros personagens no livro não possuem memória, não se interessam e por isso não se lembram de coisas que acabaram de acontecer. Isso me lembrou instantaneamente o Fernando Collor sendo eleito senador, sendo que sofreu impeachment como presidente. Ou até  mesmo José Sarney. As pessoas esquecem.

Entre outras críticas, o livro trata da necessidade de poder do ser humano, a maneira como as guerras passam a ter papéis importantes em uma sociedade, de até que ponto um governo pode invadir a privacidade e impor situações para proteger a população.

Além disso, ao explicar como o mundo chegou até a situação do livro, George Orwell faz uma análise do comunismo, absolutismo, revolução francesa com tanta clareza que é fascinante. E esse é um dos seus pontos positivos. Apesar de ser um clássico, não há nada daquele vocabulário e daquelas construções complicadas que te fazem ler duas vezes a mesma frase e que são características atribuídas normalmente à clássicos. É um livro fácil, simples e direto. Enquanto eu ainda estava lendo, já queria relê-lo...

Eu não falei tudo o que eu gostaria e nem como eu gostaria. E eu não acho que eu tenha passado a grandiosidade que este livro é. Eu gosto muito de política e história, nem tanto de políticos. Se, por acaso, é esse o seu estilo, 1984 é O livro.